sexta-feira, 30 de outubro de 2020

MIBE 2020"Descobrir caminhos para a saúde e o bem-estar "

Outubro é o Mês Internacional das Bibliotecas Escolares (MIBE), uma oportunidade para as bibliotecas escolares de todo o mundo darem a conhecer o trabalho que desenvolvem e mostrarem que não são apenas um serviço, mas um centro nevrálgico vital nas escolas. 

O tema do MIBE 2020, Descobrir caminhos para a saúde e o bem-estar com a biblioteca escolar, baseia-se na reflexão  sobre a relação entre o conhecimento e a construção de uma visão global do ser humano no mundo. A biblioteca escolar, assumindo a missão de servir a comunidade, é convidada a celebrar neste mês os caminhos que vai descobrindo para ajudar a promover a saúde e o bem-estar ocupacional, emocional, físico, espiritual, intelectual e social das crianças e jovens.

No âmbito do MIBE, as atividades que se realizaram na escola foram as seguintes: marcadores de livros entre as turmas das escolas  e a elaboração de cartazes.


























domingo, 11 de outubro de 2020

SMAL SETEMBRO MÊS DA ALFABETIZAÇÃO E DAS LITERACIAS

 



Partilhas de experiências de alunos e professores  para comemorar o SMAL
                                       Admirável mundo novo


Aldous Huxley


 

Admirável mundo novo de Aldous Huxley, publicado em 1932, fala-nos de temas como a manipulação genética, a clonagem, o narcisismo, o consumismo e o uso de drogas. Apresenta-nos uma civilização moderna e funcional, dominada pela tecnologia e totalmente desprovida de alma, espírito, mas onde impera o prazer e  não existe dor nem sofrimento.  

Nesta viagem, que é um misto de fantasia e sátira a uma futura sociedade tecnológica, somos transportados para um mundo em que os seres humanos são organizados por um sistema de castas obtido graças à manipulação genética de embriões. Os seres humanos são produzidos em série em centros de incubação e condicionamento e, a partir de cada óvulo são originados noventa e seis gémeos, formando grupos padronizados de cidadãos que cumprem a sua função na sociedade.

 A estabilidade social é o objetivo principal das pessoas que governam este “mundo novo”. Não há velhos nem doentes, mas os adultos são condicionados para não sentirem qualquer emoção, com a ajuda de soma, um misto de cocaína, heroína e álcool, cuja utilização se torna indispensável para a não expressão de emoções.

As crianças “nascem” em centros de incubação e de condicionamento e os infantários são salas de condicionamento neopavloviano onde crescem e são treinadas para se transformarem em adultos funcionais, Alphas ou Betas, desprovidos de espírito para nunca sentirem desejo de liberdade ou de serem diferentes.  

Apresento apenas este excerto:

«As pessoas são felizes, conseguem o que querem e nunca querem aquilo que não podem obter. Sentemse bem, estão em segurança, nunca estão doentes, não receiam a morte, vivem numa serena ignorância da paixão e da velhice, nem filhos, nem amantes, pelos quais poderiam sofrer emoções violentas, estão de tal modo condicionados que, praticamente não podem deixar de se portar como devem. E se por acaso alguma coisa correr mal há o soma, que o senhor atira friamente pela janela em nome da liberdade,  Sr. Selvagem, a Liberdade! -Pôs-se a rir.- O senhor espera que os Deltas saibam o que é a liberdade! E agora espera que os Deltas sejam capazes de compreender Othelo! Meu caro amigo! »

Estas palavras fazem-nos pensar! Afinal, onde está a felicidade, o sentido da vida? Naquilo que ambicionamos, na perfeição? Ou será que está apenas nas pequenas coisas imperfeitas do dia a dia que temos e na liberdade de escolhermos o rumo das nossas vidas? Será preciso muito para sermos felizes ou a felicidade está já dentro de nós?


Projeto de Leitura


Projeto de Leitura

A Fúria das Vinhas de Francisco Moita Flores

 

A Fúria das Vinhas é um romance que narra a luta intensa, que grandes e pequenos vinicultores do Alto Douro travaram contra a filoxera.


A narrativa descreve o ambiente psicológico da época, das suas gentes, crenças, medos e esperanças e, em simultâneo, conta a história de uma grande mulher -a Ferreirinha- D.Antónia, que com grande força, determinação e trabalho nunca virou as costas à sua gente, nem tão pouco à praga que, gradualmente, ia destruindo a vinha.

Paralelamente ao combate da filoxera, surge a morte de jovens raparigas que as gentes da terra atribuíam às bruxas, ao diabo e aos lobos, tão famintos quanto elas, mas que um jovem recém-bacharel, Vespúcio Ortigão, cujos estudos suportados por D.Antónia, começa a investigar por sua conta e risco.

Em toda a obra, a perseverança de D. Antónia, já idosa, é característica psicológica mais marcante. Ela não desiste de lutar, enfrentando gente importante e vaidosa do

meio político e contrariando grandes proprietários de quintas durienses. Neste romance, o autor retrata a realidade política e da alta sociedade da altura de um modo brilhante: a vaidade e o ócio imperam; os políticos não têm ideias, são apenas fanfarrões sem sentido de serviço público, deixando o Douro abandonado à sua sorte. De igual modo, através da morte das raparigas, o autor fala-nos dos avanços de investigação criminal num momento histórico em que se separa a acusação, por confissão por tortura, e a acusação por prova. Nesta última, mesmo não havendo confissão, o criminoso é acusado e preso. Esta nova forma de investigação é vista, na época, como uma loucura porque as crenças, bruxarias e o oculto estão enraizados na cultura do país, onde a medicina é antiquada, com poucos conhecimentos do avanço científico e dos novos instrumentos da experiência. É D. Antónia que, confiando na tese e factos constatados que lhe foram confiados por Vespúcio Ortigão, seu protegido, que com o seu poder económico e ligações sociais, apoia logisticamente na compra de um microscópio essencial à obtenção da prova para incriminar o culpado e solucionar o crime. Foi, de igual forma, recorrendo a novas técnicas de enxerto das vinhas, inovadoras e desconhecidas para as gentes do Douro, que a Ferreirinha conseguiu vencer a praga da filoxera na segunda metade do século XIX, e reerguer as vinhas e as gentes do Douro da morte e da miséria total.

Pessoalmente, esta obra de Francisco Moita Flores, despertou em mim a admiração e grande respeito por D. Antónia Ferreira, que amou e dedicou toda a sua vida às suas origens e lutou incessantemente pelos seus ideais. O romance proporciona uma leitura prazerosa e incessante, uma vez que se encontra bem escrito, enriquecido por uma vasta cultura que o autor soube tão bem pormenorizar e valorizar, transportando-me, nos meus diversos sentidos, para todos os ambientes narrados.

 

“ O Douro era o ventre materno que a aconchegava no colo quando sofria ou era feliz. Dona Antónia sabia. Ninguém é feliz para sempre. A felicidade é uma pontuação, não é uma frase. E só a pode sentir no auge das emoções quem sofreu intensamente.”

 

Clara Loureiro 12ºB nº2