quinta-feira, 4 de maio de 2017

Entrevista ao autor Joaquim Vieira (pelos alunos do 6.º A)




Antes de realizarmos a entrevista, o escritor e coautor da Coleção “Duarte e Marta” apresentou os dois protagonistas dos livros dessa mesma coleção. 







Reforçou a ideia de que todos nós, através dos livros, podemos viajar, conhecer paisagens, o país onde vivemos e aprender sempre mais. Acrescentou, ainda, que todas as aventuras vividas pelos dois jovens da Coleção são baseadas em factos verídicos.


  1. Quando era criança e jovem, gostava de ler? Porquê?
Sempre gostei de ler. O meu pai tinha uma biblioteca muito grande, com muitos livros. Eu tinha acesso livre, portanto, à biblioteca e podia ler o que quisesse, quando quisesse. Este facto não significa que tivesse previsto ser escritor, essa ideia apareceu mais tarde.

  1. Sendo jornalista, como surgiu a ideia de escrever literatura juvenil?
Tive a ambição de escrever livros, porque, enquanto jornalista, a língua portuguesa é usada para comunicar. Fui jornalista durante vinte e cinco anos. A partir de determinada altura, ocorreu-me a vontade de publicar “Portugal do século XX- Crónica em Imagens”, em dez volumes, um por cada década. Escrevi, mais tarde, biografias de figuras conhecidas.

  1. E como surgiu a inspiração ou colaboração com a jornalista Maria Inês Almeida?
Conheci a Maria Inês Almeida num projeto de televisão (também dirijo um programa de TV), falei com ela e descobri que ela também escrevera biografias (de Amália Rodrigues, Almeida Garrett, Michael Jackson, Amélia Rey Colaço e Almada Negreiros). Com o conhecimento mútuo, colocou-se a ideia de escrevermos juntos. Escrevemos juntos há mais ou menos quatro anos e meio. Além desta coleção de literatura juvenil, também escrevemos um livro sobre a História de Portugal.

  1. Porque escolheram os nomes “Duarte” e “Marta” para os heróis desta coleção?
Começámos a escrever o primeiro livro da Coleção sem nomes para os protagonistas. Entretanto, chegou o momento em que tínhamos de batizar os heróis da aventura, então, pegámos numa folha em branco e listámos diversos nomes de que gostávamos ambos, uma lista para os nomes masculinos e outra para os femininos. Escolhemos Duarte e Marta por uma questão de fonética, ambos ligavam-se bem oralmente. Penso que estes nomes curtos soam bem, têm vogais abertas agradáveis.

  1. Qual é o tempo médio que levam a escrever uma aventura do Duarte e Marte?
O primeiro livro foi mais demorado, porque foi necessário, inicialmente, definir como eram os dois jovens protagonistas, inseri-los no enredo, contextualizar toda a envolvência… Quanto aos livros seguintes, em média, demoramos cerca de dois meses. Cada um de nós escreve um capítulo à vez; juntamo-nos entretanto para uniformizarmos o estilo e melhorar o texto.

  1. Gosta de escrever para jovens? Porquê?
Escrever para jovens é muito estimulante, são diferentes das pessoas adultas. Com os jovens, temos que cuidar da linguagem, escrever numa linguagem mais acessível e criar uma história que mantenha a curiosidade do jovem na leitura. Como se encontram em fase de crescimento, também consideramos importante transmitir os valores da justiça, da igualdade, da tolerância e, para isso, devemos escolher muito bem as palavras.

  1. O que pensa da importância da leitura nos dias de hoje?
Ler é aprender, como já referi, é conhecer, é sonhar, é viajar, é crescer. Um jovem que tenha prazer em ler será um jovem mais bem preparado para o futuro e para conhecer o mundo; será uma pessoa mais bem formada.

      8. Conheceu a região do Alto Douro antes de escrever “Ameaça no Vale do Douro”?

Sim, já conhecia a região do Douro enquanto turista e jornalista. Tanto eu como a Inês Almeida gostamos de conhecer cada região onde se irão desenvolver as aventuras da Marta e do Duarte, para a descrevermos sem erros.
  
      9. Estão a pensar continuar a Coleção, depois de terem escrito, estes seis livros?

Sim, vamos escrever mais livros da Coleção. Neste momento, já estamos a pensar no próximo, deverá intitular-se, talvez, “O Robô Assassino”. Será um livro diferente com alguma ficção científica…. Ainda nos encontramos na fase da planificação.

      10. Qual foi o livro que mais gostou de escrever?

É muito difícil responder a esta pergunta… é como responder à questão: “Qual dos seus filhos gosta mais?” Um pai ama os filhos todos de forma igual. De qualquer maneira, no que toca aos livros, penso que estou sempre mais próximo do último que acabo de escrever.

      11. Gosta mais de ser jornalista ou escritor? Porquê?

Apaixonei-me pelo Jornalismo porque interagia mais com as pessoas.  Um jornalista sabe que a notícia que escreve hoje, no dia seguinte é passado, desapareceu. Optei, aos poucos, pelos livros, porque são objetos que perduram no tempo. Neste momento, estou a escrever a biografia de José Saramago, o nosso Prémio Nobel de Literatura. Sabiam que ele era um leitor compulsivo? Antes de escrever, tenho que fazer uma pesquisa prévia, para poder escrever de acordo com os dados e os factos que recolho. Por exemplo, escrevi a de Salazar, numa perspetiva objetiva, rigorosa e histórica. Aliás, até fui preso político, por ser contra o regime político de então. Nunca pensei escrever poesia, é muito difícil, poderei tentar, algum dia, o romance, mas não a Poesia. Gosto muito de escrever biografias.

      12. Que conselho(s) daria a um jovem que quisesse escrever?

Dir-lhe-ia para ler, ler e ler muito. Também lhe diria para fazer muitas experiências de escrita, procurando um domínio grande e seguro da nossa língua materna e ir criando um estilo pessoal, próprio; principalmente, nunca desistir. Escrever, pois, implica esforço e um grande domínio da língua portuguesa.

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